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Declarações de Zema dificultam consenso sobre reforma da Previdência na ALMG

Consideramos totalmente desrespeitosas as declarações feitas pelo governador Romeu Zema, durante a live realizada nessa segunda-feira (20/7). Entre outras falas absurdas, ao afirmar que os servidores não deveriam reclamar por trabalhar mais e que estes estariam vivendo ‘na ilha da fantasia’, o governador só demonstra que desconhece completamente a real situação enfrentada pelo funcionalismo público de Minas, que amarga anos sem qualquer tipo reajuste, e sem sequer receber os salários no quinto dia útil. Além disso, é lamentável a tentativa do governador de colocar a sociedade contra os servidores públicos, justamente neste momento em que, principalmente os servidores da saúde, estão colocando as suas vidas em risco para salvar outras pessoas.

Vale ressaltar ainda que, ao criticar o trabalho dos sindicatos, o governador Romeu Zema mostra a sua falta de conhecimento sobre toda a luta da classe trabalhadora por reconhecimento e manutenção de direitos.

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Confira abaixo a matéria publicada pelo Jornal O Tempo:

As declarações do governador Romeu Zema (Novo), que nesta segunda-feira (20) afirmou que os servidores não deveriam reclamar por trabalhar mais alguns anos e disse que os sindicatos no Estado estavam acostumados com “um tipo de rachadinha” não foram bem recebidas pelos líderes partidários na Assembleia Legislativa (ALMG). Eles foram unânimes ao dizer que a postura pode atrapalhar as articulações políticas em torno da reforma da Previdência, que está em tramitação no Parlamento.

“Se ele fez de caso pensado, há de se pensar que o governador não quer apoiar nenhum tipo de reforma porque são declarações que dificultam muito a construção de uma convergência na Casa”, avaliou Sávio Souza Cruz (MDB), líder do maior bloco da ALMG, o Minas Tem História. Desde que chegou à Casa, o texto da reforma previdenciária vem sendo muito criticado, sobretudo pelo bloco de oposição.

O Parlamento conseguiu fatiar a proposta deixando, para este primeiro momento, a análise de aspectos exclusivamente previdenciários, como as novas alíquotas, tempo de contribuição e idade mínima. “Recebi as declarações de forma estupefata. A sensação é de que hoje o governador não tomou o rivotril, a cloroquina, o que quer que seja, mas não faz nem muito o estilo dele”, ironizou o emedebista. “Essas declarações não constroem (diálogos). Não sei o que passou pela cabeça do governador e lamento que ele tenha tomado essa atitude”, complementou.

Líder do segundo maior bloco na ALMG, o Liberdade e Progresso, Cássio Soares (PSD) disse que o posicionamento do governador foi em caráter individual, mas não significa que a Casa concorde com o que foi dito. “Aqui, nos cabe avaliar o texto da reforma, ouvir as classes que estão sendo afetadas e atingidas e tentar um caminho de trazer soluções”, pontuou.

A dificuldade, segundo ele, deve ficar por conta do bloco de oposição, que na legislatura passada compunha a base do ex-governador Fernando Pimentel (PT), criticado nesta segunda-feira por Zema. “Creio que possa trazer dificuldades, mas nossa responsabilidade vai continuar sendo exercida na Assembleia e continuaremos trabalhando para que possamos amadurecer o texto e levá-lo à votação o mais rápido possível”.

Relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) enviada por Zema com parte das mudanças previdenciárias – a reforma é dividida ainda em um Projeto de Lei Complementar – Cássio Soares não soube precisar se o episódio pode afetar o cronograma de tramitação do texto. “Só com o retorno dos trabalhos é que vamos conseguir verificar se vai haver mudanças no percurso”, avaliou. A previsão é de que o texto seja votado até a primeira quinzena de agosto.

Já a oposição considerou as falas de Zema como desrespeitosas e avalia que o chefe do Executivo adotou uma estratégia errada em um momento que mais precisa de diálogo e articulação política no Parlamento. “Ele fez acusações absolutamente infundadas contra sindicatos e sindicalistas, e faz isso exatamente num momento em que sua reforma da Previdência, para ser aprovada na Assembleia, exige maior diálogo e entendimento possíveis”, disse o líder oposicionista, André Quintão (PT).

“Além disso, lamentamos o fato de que um governador do Partido Novo desconheça direitos e conquistas consagradas no século XIX, como a liberdade de associação e organização sindicais”, acrescentou o deputado.

Em nota, o líder do bloco de governo na ALMG, Gustavo Valadares (PSDB), reforçou “o enorme valor e a fundamental importância dos servidores de Minas”. O tucano falou que a Previdência está em situação “insustentável”. “Mas essa culpa não é dos servidores. E nem é deles a responsabilidade pela crise econômica dramática que atravessa o Estado”, afirmou, destacando que o momento atual é de união.

Confira, abaixo, a nota do bloco de governo na ALMG na íntegra:

Por meio deste comunicado, venho reforçar e confirmar o enorme valor e a fundamental importância dos servidores do Estado de Minas Gerais.

Recentemente publiquei em um artigo na Imprensa, no qual registramos o justo reconhecimento a estes trabalhadores que garantem saúde, educação, segurança e o funcionamento das nossas instituições fundamentais.

Servidores que, por diversas vezes, são alvos de ataques e de incompreensão por parte de setores da sociedade, muitas vezes, por ignorarem o alcance social da área pública.

Quando o seu filho cursa uma escola pública, quem cuida dele, quem o ensina e o ampara, é um servidor. Quando você vai a um posto de saúde ou a um hospital do SUS, quem lhe socorre, é um servidor. Quando a sua vida está em risco, quem arrisca a própria vida por você, é um servidor. Quem elucida crimes, quem os julga, quem defende deveres e direitos de cada cidadão, quem cuida do meio ambiente, é um servidor. Quem nos ajuda a elaborar leis e fiscaliza atos do nosso Estado, é um servidor.

A situação que a Previdência se encontra é insustentável, este é um fato. Mas essa culpa não é dos servidores. E nem é deles a responsabilidade pela crise econômica dramática que atravessa o Estado.

Felizmente, a expectativa de vida das pessoas vem aumentando, e se nada for feito, o que hoje já é insustentável vai se tornar inviável. A Reforma da Previdência é importante para os servidores e para o conjunto da sociedade em geral, seja no presente ou num futuro próximo. O momento é de união, senso de realidade, empatia e, acima de tudo, respeito ao funcionalismo público e a todo o povo de Minas Gerais.

Deputado Gustavo Valadares

Fonte: Jornal O Tempo

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